Tecidos (objeto-relíquia)

“Reminiscência: imagem lembrada do passado; o que se conserva na memória.”

A lembrança vaga ou incompleta. A lágrima é o olho que transborda de lembranças. É preciso lembrar, pois viver sem conhecer o passado, é andar no escuro. Os trabalhos desta série apresentam peças utilitárias e decorativas da casa como objeto de fala. O crochê e o bordado ao mesmo tempo que sugerem uma delicadeza também agregam uma certa dramaticidade.





Abre Caminho
Tecido, bordado e crochê
120x68cm
2021


Abre-se o caminho, fecha-se o corpo, faz-se a história, levanta-se o templo, quebra-se o quebranto. Assim se faz a ferramenta. Três pontos me guiaram nesse trabalho, sendo o primeiro a força e o simbolismo presente na foice roçadeira, que abre os caminhos no mato e na espiritualidade guia/abre os caminhos. O segundo foi a minha vontade de romper com a divisão muitas vezes equivocada entre artista e artesão. Por isso, a peça em tecido foi concebida por mim e foi produzida em seio familiar. O bordado em ponto cruz e os detalhes em crochê foram feitos por Maria Luiza Valentim, que faleceu em 2022 em virtude de um câncer e é avó da minha companheira. As letras e a figura da foice foram bordados por Cláudia Merçon Serra, minha sogra. Ambas são mulheres mais velhas, de duas gerações diferentes, unidas pela paixão pela arte têxtil.

O terceiro ponto foi trazer objetos do cotidiano do que eu chamo de "casas-templo". São peças utilitárias e decorativas da casa que se tornam um objeto de fala. O crochê e o bordado ao mesmo tempo que sugerem uma delicadeza também agregam uma certa dramaticidade que se reverbera no convívio familiar de muitas gerações de brasileiros, assim como na minha.

São intervenções de frases e figuras, comunicando uma relação com medo do apagamento de uma história/memória, a relação com o trabalho bruto (a lida com a terra) e a religiosidade.






Em exposição na individual“Santos e Silvas” no Espaço Cultural dos Correios- Niterói/RJ




Em exposição na coletiva “Nas Rugas do Tempo” na Casa da Escada Colorida - Rio de Janeiro/RJ





Alguém há de chorar quando eu morrer.
Tecido, bordado e crochê
139x44cm
2021










Velho camarada
Tecido, bordado e crochê
139x44cm
2021



Em exposição na individual“Santos e Silvas” no Espaço Cultural dos Correios- Niterói/RJ





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